sexta-feira, julho 02, 2004

A Dor

Às vezes, certas ocasiões, certos momentos, certas pessoas, certos sentimentos, fazem com a nossa mente tenha certas ideias que saiem disparadas como tiros de metralhadora, uma apos outra, todas interligadas entre si, que dificilmente as conseguimos coomprender, e que dificilmente sabemos o que significam. Como que um mecanismo que é despoltado sem sabermos porquê, surgem ideias do nada, sem sabermos como ...
Quando conseguimos captar essas ideias, e as transformamos em musica, em palavras, em formas ou em cores, etc... Costumam ser designados como momentos de "criação" onde algo novo ganha vida, onde um momento é muito mais que o simples bater do relogio... É um desses momentos que quero partilhar com voces:


A dor

A dor não tem intensidade, não tem diferencia de potencia, não tem cheiro, não tem sabor. Porque toda a dor é igual, porque a dor não se compara. A dor não tem memória, não tem cor. A dor não é um chupa-chupa que depois de acabar deixa aquele sabor na boca e aquela cor na lingua... A dor não deixa rastro, não deixa marcas. A dor é o momento, porque na proxima semana já lá não está, na proxima semana já tudo passou.
E a dor que vem na proxima semana, nada tem a ver com a de hoje, porque hoje sinto essa dor, e amanhã outra dor sentirei... Nem igual nem diferente, apenas sentirei dor, por este motivo, ou por outro qualquer, apenas dor...
As palavras estampadas na cara das pessoas, ou na essencia da vida que nos tenta dizer: "Eu odeio-te!"
Estas palavras repetidas vezes sem conta, nas paredes, nos carros, nas janelas. E é então que uma luz negra ilumina a minha mente: a aceitação da dor, a procura de estados mentais compativeis com a dor, a falsa sensação de alegria por fora, para combater a tristeza por dentro.
Mas um dia essa dor cessa, e algo cá dentro pede mais, mais dor para acalmar meu espirito, mais sofrimento para atingir estados minimos de consciencia, menos razão,mais sentimentos, menos alegria, mais tristeza. É isto que acontece quando vimos por breves momentos a realidade. Mas não, não quero sair daqui, quero ficar aqui a sofrer na minha inconsciencia, quero ficar aqui a cortir a solidão, a melancolia... Só quero sair daqui quando tudo ai fora ficar perfeito, divino!
E nessa altura quero que seja ela a acordar-me do pesadelo, enquanto que os meus amigos, que sempre serão amigos, mas que nada podem fazer agora, porque eu nada quero, porque eu não me sinto. E só me quero voltar a sentir, quando ela me vier buscar, me abrir os olhos, me levantar e me mostrar o camimnho, para que ai sim, eu siga com ela eternamente a estrada da vida. Mas até lá, não quero ver ninguem, não quero conversar com ninguem, a não ser os dialogos comigo proprio nos momentos de loucura. Não quero ouvir os gritos de ninguem a não ser os meus, nao quero ver a dor de ninguem,a não ser a minha. Até lá, não quero que ninguem mexa no meu casulo e me tire daqui.

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