quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Joana Amaral Dias

Há muito tempo que vos tenho escondido a minha "tara" pela Joana Amaral Dias.
Não consigo resistir a uma mulher inteligente e bonita.
Infelizmente, e devido às minhas altas exigências, a "tara" acaba por ser quase sempre "tara perdida".

Mas falando de coisas melhores:
As ideias podem-nas comprovar no blog Bichos Carpinteiros.
A beleza podem-na comprovar nesta foto:


Isto vem ao caso porque a Joana esteve hoje no programa da Sic Radical, "Conversas Ribeirinhas".
Só tenho a dizer à Joana, que não partilho do seu gosto de viajar, acho que sou um "campónio cosmopolita". E passo a explicar tamanha antítese:
Nasci em Lisboa, e sempre que me ausento mais de 24 horas já sinto saudade de tudo, do cheirinho a gasóleo por queimar, do barulho constante (o silêncio do campo causa-me arrepios), da confusão, dos apertos no metro, de ver centenas de pessoas pela primeira vez, e saber que provavelmente nunca mais nas vida as vou ver, de percorrer o mesmo caminho vezes e vezes sem conta, a rotina do dia-a-dia dá-me segurança, das ruas, becos e vielas, do cheiro a urina, do “Bairro”, etc, etc… E tal como o meu avô que nasceu, viveu e morreu, na sua aldeia, e se apegou à sua terra, criou “raízes”, tal como ele eu também desejo fazer o mesmo nesta minha Lisboa, que conheço como a palma da mão, não conheço todos que nela habitam como o meu avô conhecia, mas certamente conheço as gentes que nela habitam. Este sentimento que ouço as pessoas falar sobre as suas aldeias, também eu o tenho por Lisboa.
E nesse sentido partilho com a Joana esse “amor” por Lisboa e ao contrário dela, não gosto de deixar o meu “ventre materno”, o local onde me sinto seguro e onde sou feliz.

Não podendo convidar a Joana para uma viagem errante para o outro lado do planeta, posso sim convida-la a conhecer Lisboa, e mostrar-lhe que segredos esconde, e que surpresas tem por desvendar. Lisboa não é uma cidade monumental, não tem grandes palácios, igrejas, ou monumentos. Mas uma coisa posso garantir, tem os prédios “humildes” mais bem construídos do mundo, tem os pátios comuns mais esplêndidos, tem as ruas mais belas, as calçadas mais luxuosas. Lisboa vale pelo seu todo, como cidade, como “casa de todos” , porque foi construída para todos, Em todas as sociedades a classe mais numerosa é invariavelmente a mais pobre, e é a esses que Lisboa agrada, é a esses que Lisboa serve, e é a esses que qualquer cidade tem que servir, aos seus habitantes. Penso que esta é uma ideia que todos partilhamos principalmente, os que têm “genes canhotos”, como a Joana.

A beleza de Lisboa, e de Portugal, está no “pequeno”, no “pobre” , nos espaços comuns, e na “arquitectura utilitária”. A beleza do português está em aproveitar e valorizar o que tem. A beleza da arquitectura e da arte, está em tornar bonitos e agradáveis materiais baratos e “menores”. São disso exemplo a pedra calcária tão abundante, que brilha esplendorosamente em todos os cantos de Lisboa. As “imitações” através da pintura de padrões de granito e outros materiais “nobres” em madeira.

Muito mais haveria aqui para dizer sobre Lisboa, mas acho que já me alonguei de mais.
Tudo isto para dizer:

“Então Joana, quando é que vamos dar um passeio?”

Abraços,
Carlos Pina, O Homem que Domina.